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O que são rotinas de pensamento na educação?

As rotinas de pensamento são projetadas para serem práticas, fáceis de memorizar e estimular processos cognitivos e emocionais


Identificar os caminhos que a mente humana cria para desenvolver ações e aprender é uma maneira de entender como esses processos funcionam. A partir dessa compreensão é possível, também, explorar de forma mais consciente e crítica o que está sendo observado e aprendido.

Essa é a proposta das rotinas de pensamento, um recurso de aprendizagem visível projetado para desenvolver habilidades como flexibilidade cognitiva e compreensão de diferentes pontos de vista. O modelo também ajuda os alunos a entenderem temas abstratos, polêmicos ou complexos. 

“As rotinas de pensamento podem ser aplicadas a qualquer estudo. E por que têm esse nome? Porque estruturam nosso pensamento, dão nome a certos processos cognitivos e fazem com que a gente saia de um nível de aprendizagem mais superficial para um mais profundo”, afirma Julia Andrade, fundadora da Ativa Educação e consultora pedagógica. 

Julia explica que as rotinas de pensamento visíveis são ao mesmo tempo estruturas, ferramentas de estudo e um hábito mental. “A gente as aprende de maneira vinculada a um contexto de estudo, mas é possível transferi-las para a vida”, explica. Desde uma ida ao museu até a leitura de um livro pode se beneficiar dessa abordagem. 

Julia Andrade é uma das participantes da 3ª edição da Conferência NSTI (New School of Thought Institute) da Avenues The World School, em São Paulo (SP). Voltada a educadores da educação infantil ao ensino médio, a programação oferece formação para práticas centradas nos estudantes e projetos conectados ao mundo real. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas neste link. 


Qual o principal objetivo das rotinas de pensamento?

A consultora destaca que investir nas rotinas de pensamento não é uma tarefa difícil ou que exige muita estrutura. “É preciso uma busca por construção de sentido. Tudo o que elas não podem ser é algo mecânico”, reforça. 

Uma lista de tarefas ou exercícios para serem feitos em casa, por exemplo, teriam pouca aderência à proposta. A principal intenção é estimular o pensamento da turma, fazendo com que ela reconheça o objetivo do que está sendo proposto em aula. 

“É mais importante promover uma cultura de pensamento vivo e participativo do que pedir uma tarefa escrita”, diz Julia. Para quem está começando a trabalhar com essa abordagem, é interessante que a turma seja estimulada a fazer perguntas e trabalhar coletivamente. A ação de escrita sobre o que aprenderam deve vir em um segundo momento. 

Aliás, escrever é o que vai tornar a aprendizagem mais visível e esse processo vem depois de os estudantes passarem por uma fase de reflexão, que os coloque a pensar crítica e ativamente sobre os conteúdos. 

“É mais importante encorajar a participação, a pergunta e a curiosidade para realmente trazer os estudantes para o estudo e somente depois pedir uma sistematização e a escrita. Se as rotinas são usadas para promover o sentido e participação, está tudo certo, mas se elas viram uma tarefa mecânica para o professor dar um check list, então está errado”, reforça.

Bom para observar oportunidades 

Trabalhar com rotinas de pensamento não significa captar o que está sendo feito errado em sala de aula e tentar corrigir, mas sim encontrar oportunidades de ampliar a participação dos alunos. 

Julia comenta que um dos grandes desafios do período pós-pandemia é fazer com que os alunos tenham um sentimento de pertencimento e se sintam motivados a participar.

“A ideia é que o professor seja um pesquisador da sua própria prática para que ele ache oportunidade de transformar um estudo chato ou burocrático em uma proposta realmente investigativa e transformadora tanto para si próprio, quanto para os alunos”, afirma. 

Próximo aos estudantes do século 21

Observar as aprendizagens de maneira mais visível e que façam sentido para os estudantes é uma maneira de incluir a escola no contexto atual, respondendo aos anseios e objetivos do aluno do século 21. 

Além do protagonismo, os estudantes também buscam por conexões entre o que aprendem na escola e o que vivenciam fora dela. “Se a gente faz esse movimento, estamos trabalhando com um currículo relevante e com o estudante no centro, onde ele próprio atua como um agente de transformação e percepção de oportunidades para melhorar o mundo”, reflete Julia.

Mas não basta apenas um único docente querer trabalhar com as rotinas de pensamento. Quanto mais a gestão estiver envolvida, melhores serão os resultados. Há um impacto quando a ação é feita de forma individual, mas ele é potencializado quando há um suporte maior.

Origem da metodologia

As rotinas de pensamento fazem parte de uma proposta desenvolvida pelo Project Zero, da Faculdade de Educação de Harvard, nos Estados Unidos, por meio do pesquisador John Hattie, professor de educação e diretor do Melbourne Education Research Institute, da Universidade de Melbourne (Austrália). 

Segundo o professor, o conceito de ensino e aprendizagem visíveis ocorre quando “professores olham a aprendizagem pelos olhos dos alunos e quando alunos veem como seus próprios professores”. 


Fonte: Portal Porvir - Ruam Oliveira

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