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Prêmio coloca 4 escolas brasileiras entre 10 melhores do mundo

Brasil disputa o prêmio ao lado do Reino Unido e da Índia, os países com maior número de indicações. A votação popular já está aberta e os vencedores serão anunciados em outubro

Quatro escolas do Brasil estão entre as 10 finalistas do World’s Best School Prizes 2025 (Melhores Escolas do Mundo), premiação internacional que reconhece projetos educacionais inovadores e transformadores. A conquista ganha especial relevância no atual contexto educacional brasileiro, que ainda enfrenta os desafios de recompor aprendizados, melhorar o clima escolar e adotar um uso significativo de tecnologia.

Criado em 2022 pela organização britânica T4 Education, o prêmio se consolida como uma importante iniciativa para valorizar experiências que transformam desafios em oportunidades de aprendizagem. Nesta edição, o Brasil se destaca ao lado de países como Reino Unido e Índia entre os com maior número de instituições finalistas, demonstrando a capacidade de inovação do sistema educacional nacional mesmo em cenários adversos.

São cinco as principais categorias da premiação: Colaboração Comunitária, Ação Ambiental, Inovação, Superação de Adversidades e Apoio a Vidas Saudáveis. Ao todo, as 50 escolas finalistas serão selecionadas por um júri especializado. Há, também, o Prêmio Escolha da Comunidade, com votação aberta: para escolher sua preferida, basta acessar este link

Os seis vencedores, sendo cinco definidos pela banca avaliadora e um pelo voto popular, serão anunciados em outubro. Todos os premiados e finalistas serão convidados para a Cúpula Mundial de Escolas, que acontece nos dias 15 e 16 de novembro em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. 

Conheça as escolas brasileiras selecionadas

As escolas brasileiras selecionadas desenvolveram projetos em quatro categorias principais: superação de adversidades, colaboração comunitária, inovação educacional e promoção de vidas saudáveis. Suas iniciativas apresentam respostas concretas para desafios contemporâneos, desde a redução da evasão escolar até a criação de ambientes de estudo de aprendizagem mais acolhedores e eficazes.

Vindas do Paraná, Rio Grande do Sul, Maranhão e São Paulo, duas escolas públicas e duas privadas concorrem nessas quatro categorias, demonstrando que é possível promover mudanças significativas tanto na rede pública quanto na privada.

No sul do país, uma escola pública rompeu o silêncio sobre a violência sexual e a pobreza menstrual com um projeto liderado por estudantes. A iniciativa já resultou em mais de 300 denúncias e na produção de um livro infantil sobre saúde menstrual, contribuindo para a conscientização e o enfrentamento desses temas na comunidade escolar. No Paraná, uma creche inovou ao integrar alimentação saudável e aprendizagem. Por meio de atividades lúdicas, as crianças participam de todo o processo, da horta à cozinha, o que fortalece a relação com os alimentos e promove mudanças nos hábitos alimentares das famílias envolvidas.

No nordeste, uma escola da rede COC, localizada em São Luís, no Maranhão, desenvolveu um modelo de aprendizagem colaborativa com foco em inteligência artificial, na abordagem STEAM (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática) e na inclusão digital. O projeto já formou mais de 5 mil estudantes de escolas públicas e tem influenciado políticas educacionais locais, fortalecendo a formação de jovens preparados para os desafios do presente e do futuro.

Já no litoral paulista, uma escola se tornou referência em cultura de paz em uma região marcada pela violência. Por meio de projetos extracurriculares, a instituição conseguiu ampliar em 500% sua taxa de matrícula e passou a inspirar outras escolas da comunidade, transformando o território e promovendo uma educação mais inclusiva e segura.

“Nestas quatro escolas brasileiras, encontramos inovações e conhecimentos que nos dão esperança de um futuro melhor. Parabéns por se tornarem finalistas do Prêmio de Melhor Escola do Mundo 2025. Líderes e escolas de todo o mundo têm muito a aprender com essas instituições brasileiras inspiradoras”, diz Vikas Pota, fundador da T4 Education.

A edição de 2025 do prêmio traz outra novidade. Como parceiro oficial da T4 Education no World’s Best School Prize no Brasil, o Porvir reforça seu compromisso com a valorização de boas práticas educacionais. Ao longo do ano, você encontrará por aqui uma cobertura especial sobre a premiação, incluindo entrevistas com educadores e especialistas envolvidos nas iniciativas finalistas, oferecendo aos leitores orientações e exemplos valiosos sobre essas experiências.

Saiba mais sobre as propostas brasileiras:

Colégio Sesi da Indústria Portão
Curitiba (PR)
Categoria: Apoiar Vidas Saudáveis

O Colégio SESI da Indústria Portão está transformando a maneira como as crianças descobrem e vivenciam a alimentação saudável por meio do projeto “Momento com a nutri”, que as incentiva a explorar os alimentos de forma lúdica, da horta à cozinha.

Durante a fase de introdução alimentar, muitas crianças tornam-se exigentes ou resistentes a experimentar novos sabores, o que pode afetar sua relação com a comida a longo prazo. Para criar um ambiente sem pressões, em que a curiosidade floresce tanto na escola quanto em casa, o projeto promove uma conexão natural e prazerosa com a alimentação.

As quatro etapas do projeto

1. Horta: As crianças exploram o solo, colhem e limpam os vegetais.
2. Atividades lúdicas: Os alimentos são usados em histórias, brincadeiras e experimentos. Aqui não é obrigatório prová-los.
3. Exploração sensorial: Tocam, cheiram e observam cores e texturas dos alimentos em seu estado natural.
4. Culinária: Preparam receitas saudáveis do zero, aumentando a aceitação e o interesse.

Como resultado,  com 90% das crianças passaram a experimentar alimentos aos quais antes resistiam. Os pais relatam maior consumo de frutas e vegetais em casa, além de solicitarem as receitas trabalhadas na escola. 

Entre os ganhos educacionais, destacam-se maior colaboração em sala de aula, conscientização sobre desperdício alimentar e desenvolvimento de autoconfiança durante as refeições. O sucesso foi tão expressivo que três unidades do SESI já adotaram a iniciativa, que agora será expandida para o ensino fundamental, reflexo do aumento nas matrículas, à medida que mais famílias buscam a escola para formar hábitos alimentares saudáveis.

Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hilaire
Porto Alegre (RS)
Categoria: Superação de Adversidades

Escola pública de educação infantil e primária, a A EMEF Saint-Hilaire, desenvolve um projeto de combate à pobreza menstrual e violência de gênero intitulado “Em busca dos Jardins”. 

A ação vai de encontro a um problema real que ocorre no território onde a escola está localizada. Além de enfrentar questões relacionadas à insegurança alimentar, a comunidade também possui altos índices de agressões sexuais na região, assim como uma crise de saúde das mulheres. 

Liderado por estudantes, o projeto visa incentivar debates sobre violência sexual, dignidade menstrual e reflexões sobre corpo e imagem. Este também é um espaço não só de prevenção como também de acolhimento de casos de abusos (somente em 2024, mais de 300 crianças relataram ter sofrido algum tipo de violência sexual). 

Entre as ações do projeto destacam-se:

• A criação de um livro, produzido pelos alunos, abordando o tema das violências sexuais
• Uma bolsa pedagógica para incentivar professores a tratar do tema em sala de aula
• Desenvolvimento de kit de saúde menstrual para meninas, contendo além de itens de higiene, material informativo sobre o assunto

O Programa Saúde Escolar, o Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e a Assessoria de Direitos Humanos e Relações Étnico-raciais reconheceram a metodologia como referência no campo educacional.

Escola Estadual Parque dos Sonhos
Cubatão (SP)
Categoria: Superação de Adversidades

A  EE Parque dos Sonhos atua no desenvolvimento de ações que incentivam a cultura de paz. Diante de um cenário de vulnerabilidade, em que muitos estudantes se distanciavam da escola e enfrentavam riscos sociais, a instituição respondeu com uma reformulação de seu modelo pedagógico, colocando os alunos no centro dos processos de aprendizagem e decisão.

A escola incentiva eventos esportivos, projetos culturais como teatro e dança e iniciativas de não violência. Uma das atividades, chamada “A escola vai para sua casa”, envolve a ida de professores até a residência dos estudantes, para compartilhar a visão da escola com as famílias e aproximar ensino e comunidade. 

Desde que o novo modelo foi implementado, a taxa de matrícula cresceu em 500% e não há incidentes de vandalismo, tanto promovido por alunos quanto pela comunidade, desde 2021. 

Outro exemplo é o projeto de patinação artística desenvolvido na escola, que cresceu de 9 para 80 alunos. Atualmente existem 21 projetos liderados por estudantes que trazem como foco a transformação social, e mais de 20 escolas da região já adotaram iniciativas desenvolvidas pela EE Parque dos Sonhos.

Escola COC São Luís
São Luís (MA)
Categoria: Colaboração Comunitária

Integrante do movimento global Educa2030, que pretende engajar empresas e organizações na contribuição para a educação e empregabilidade alinhada à Agenda 2030 e aos direitos humanos, – a Escola COC São Luís, desenvolve um projeto que une professores e estudantes para o desenvolvimento de habilidades críticas para a atualidade, como inteligência artificial, STEAM e alfabetização digital. A partir de ações nesses âmbitos, busca  incentivar protagonismo juvenil, criatividade e impacto social. 

Uma das principais iniciativas é a “AI e STEAM”, que promove treinamento em tecnologias de IA para os estudantes. Nele, os alunos planejam as aulas do curso, desde escolha dos temas até desenho das aulas.

O material é compartilhado com alunos de escolas públicas parceiras. Mais de 5 mil estudantes de escolas públicas tiveram acesso ao treinamento, além de mil funcionários de empresas associadas que fizeram curso sobre IA, STEAM e alfabetização digital.

Uma versão anterior deste texto informava incorretamente que a escola em São Luís era da rede SESI. A publicação foi atualizada para refletir os dados corretos: trata-se da Escola COC São Luís.

Fonte: Portal Porvir - Redação

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