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7 estratégias para ajudar os alunos a lembrar o que aprendem

Simples e eficazes, essas estratégias apoiadas pela neurociência ajudam os alunos a relembrar o que aprenderam, para fortalecer a confiança e despertar a motivação

Mesmo com aulas bem planejadas e conduzidas com cuidado, muitos professores convivem com um desafio constante: os alunos esquecem. Não se trata de falta de interesse ou dedicação. A questão é que aprender não depende apenas de expor o conteúdo – é preciso garantir que ele fique na memória. É aí que entra a ciência da aprendizagem, com estratégias simples e eficazes, como a recuperação ativa da memória.

Esse conceito, também conhecido como “prática de recuperação”, se refere ao ato de resgatar uma informação da memória sem a ajuda de anotações ou livros. Quanto mais vezes esse processo ocorre, mais fortes ficam as conexões cerebrais responsáveis por fixar o conteúdo. A boa notícia é que é possível incorporar essa prática ao dia a dia da sala de aula com atividades leves, rápidas e sem a pressão de uma avaliação formal.

Como o cérebro aprende

Para que o aprendizado seja duradouro, o cérebro passa por quatro etapas principais:

  • Atenção: quando o estudante se concentra no que está sendo ensinado.
  • Codificação: momento em que o conteúdo é processado e compreendido.
  • Armazenamento: fase em que a informação é guardada no cérebro.
  • Recuperação: quando o estudante consegue acessar esse conteúdo e usá-lo.

Entre essas etapas, a recuperação é a que mais contribui para a retenção a longo prazo. Ao lembrar de um conteúdo, o cérebro reforça as ligações que o mantém vivo na memória.

Esquecer faz parte do processo. Estudos mostram que mais da metade do que aprendemos pode ser esquecido em até uma hora, e quase dois terços em 24 horas. Esse esquecimento pode ser reduzido quando o conteúdo é resgatado intencionalmente, por meio de atividades que estimulem o aluno a lembrar – mesmo que ele erre no início.

A seguir, conheça sete estratégias práticas para usar a recuperação da memória com os alunos, sem a necessidade de provas ou avaliações formais.

1. Escreva tudo o que lembrar

Após a explicação de um conteúdo, peça para os alunos escreverem tudo o que conseguirem lembrar, sem consultar o material. Essa técnica também é conhecida como “mostre o que você sabe” ou “chuva de ideias”.

Por que funciona: ao recuperar o conteúdo com liberdade, o aluno reforça sua memória, organiza melhor as informações e desenvolve confiança. Essa prática é mais eficaz do que simplesmente reler o material.

2.  Leia, pare e relembre

Depois de ler um texto curto em voz alta, peça que os alunos virem a página ou fechem o livro e escrevam o que entenderam. Em seguida, eles podem compartilhar suas anotações, preencher lacunas e responder a perguntas como: “Como isso se conecta ao que aprendemos antes?”

Por que funciona: esse tipo de recuperação imediata ajuda a consolidar o conteúdo, aumenta a compreensão e permite que o aluno avalie o que entendeu de forma autônoma.

3. Escrita rápida, sem pressão

Proponha uma pergunta ou um estímulo e dê um tempo curto para os alunos escreverem livremente. Essas produções podem ser guardadas ao longo do tempo para mostrar o progresso individual.

Uma sugestão é oferecer frases de início ou palavras-chave como apoio. Depois da escrita, o professor pode montar com os alunos um resumo no quadro – usando cores ou destaques para apoiar a compreensão – e pedir que eles reescrevam esse conteúdo de memória.

Por que funciona: escrever com base no que se lembra ativa o raciocínio, fortalece a memória e permite que o aluno reflita sobre o que aprendeu, criando conexões pessoais com o conteúdo.

4. Perguntas rápidas para revisar e fazer conexões

Faça perguntas curtas e simples sobre o que foi aprendido – podem ser questões de verdadeiro ou falso, associação de ideias ou perguntas abertas. Os alunos podem responder individualmente ou em grupo, revisar entre si e até propor novas perguntas com base no que estudaram.

Por que funciona: esse tipo de atividade promove a revisão, reduz a ansiedade e ajuda os alunos a fazerem conexões entre conteúdos novos e antigos.

5. Leitura com sinal de compreensão

Ao ler um texto, peça que os alunos usem cores para indicar o que entenderam:

Vermelho: não entendi

Amarelo: acho que entendi

Verde: entendi bem

Depois, eles podem usar uma das estratégias anteriores para retomar o conteúdo.

Por que funciona: a marcação visual ajuda os alunos a identificar o que precisam revisar. Quando combinada com atividades de recuperação, essa técnica fortalece a retenção e estimula relações entre diferentes conteúdos.

6. Termômetro da memória

Escolha um conceito da aula e pergunte aos alunos como está a lembrança dele. Eles devem mostrar com os dedos:

1 dedo = “Lembro bem”

2 dedos = “Mais ou menos”

3 dedos = “Esqueci”

Depois, em duplas, compartilham o que cada um lembra e ajudam a preencher as lacunas uns dos outros.

Por que funciona: essa prática normaliza o esquecimento, estimula a colaboração e fortalece a autoconfiança dos estudantes.

7.  Recuperar o que foi aprendido

Comece a aula perguntando o que foi aprendido no dia anterior. No meio ou no fim, proponha perguntas que estimulem o resgate de conteúdos anteriores ou conexões com outros temas. Isso pode ser feito com atividades como:

Conversas rápidas em dupla

  • Escritas breves em cadernos ou lousa
  • Post-its com anotações colados na parede
  • Desenhos com os principais aprendizados
  • Troca de papéis entre colegas para revisão

Dica: crie uma folha de atividades semanal com espaço para miniavaliações, resumos e reflexões. Mesmo sem nota, esse material pode oferecer um panorama valioso sobre o progresso da turma.

Por que funciona: ao transformar a recuperação em uma prática diária, ela deixa de ser uma exceção e passa a integrar o processo natural de aprendizagem, tornando o conteúdo mais acessível e duradouro.

Lembrar é parte do processo

Para que os alunos aprendam de verdade, não é preciso ensinar mais – é necessário criar pausas para lembrar, refletir e fazer conexões. Quando esquecem, os estudantes não estão falhando: estão no caminho natural do aprendizado. Cabe ao professor oferecer oportunidades frequentes e de baixa pressão para que eles pratiquem lembrar.

Mais do que prepará-los para uma prova, essas estratégias ajudam a desenvolver autonomia, confiança e compreensão real do conteúdo. É assim que o conhecimento se torna duradouro.

*Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização© Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation

Maureen Magnan concluiu seu doutorado na Lesley University, com foco em aquisição de segunda língua, educação multicultural e discurso em sala de aula. Nos últimos 17 anos, ela lecionou espanhol e inglês nos Estados Unidos e no exterior. Maureen é uma palestrante frequente em conferências como a ACTFL e ministra cursos de pós-graduação e de desenvolvimento profissional para educadores. Atualmente, atua como coordenadora de línguas estrangeiras para os anos finais do ensino fundamental e ensino médio (6º ao 12º ano) em Massachusetts, além de educadora de espanhol, supervisionando iniciativas de ensino de idiomas em diferentes níveis escolares.

Fonte: Portal Porvir - Maureen Magnan

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